Como funciona o corpo humano?

 

Universidade Estadual Paulista

U N E S P

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Mendes Vicentini Paulino

 

Fome e Saciedade

 

Extraído de http://mcb.berkeley.edu/courses/mcb136/topic/Gastrointestinal/

 

A figura mostra as principais estruturas anatômicas do sistema grastrointestinal sobre as quais discorreremos Antes de discutir a digestão e absorção de alimentos, vamos abordar, brevemente, o controle da ingestão e responder às seguintes perguntas:  

  • O que estimula a ingestão de alimentos?

  • O que é a fome? Como o organismo entende que é necessário comer?

  • O que é a saciedade? Como o organismo interrompe a ingestão de alimentos?

A fome

 

Apesar do termo também conotar uma problemática social, trataremos a fome como sendo a sensação fisiológica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos é causado por uma série  de estímulos (ou sinais). Entre eles está a diminuição, no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, aminoácidos, gordura ou mesmo a diminuição da temperatura interna. Fica claro fazer a ligação: se uma pessoa come para obter nutrientes (e energia) para o organismo, então sua falta deve levá-la a procurar o que comer. Porém, surge uma dúvida: será que é preciso diminuir totalmente o estoque de nutrientes do organismo para que uma pessoa ou um animal sinta fome?

A resposta é não. Na verdade, o organismo é capaz de detectar diminuições mínimas na concentração de nutrientes e, em conseqüência, gerar sinais que vão desencadear a ingestão de alimentos. Mas, será que só comemos quando temos fome? Não, a ingestão de alimentos também pode ser estimulada pela hora do dia, a visão e o cheiro dos alimentos, além de reuniões sociais (daí o ditado “Comer e coçar é só começar”). Todos nós temos experiência que fatores emocionais, facilitação social e condicionamento (uma forma de aprendizagem) afetam a ingestão de alimentos. Quando se come sem ter fome (e essa energia não é gasta), os nutrientes ingeridos além da necessidade serão estocados em forma de gordura, ou seja, engordamos.

 

Saciedade

 

O processo inverso da fome, chamado saciedade, também é causado por vários estímulos. Um deles é a distensão da parede gástrica, causada pelo armazenamento do alimento ingerido no estômago. O tempo de permanência do alimento no estômago depende principalmente da sua composição e não simplesmente da quantidade. Quanto mais gordura for contida no alimento, maior o tempo necessário para o esvaziamento gástrico.

Quando o alimento passa do estômago para o intestino, um outro sinal de saciedade é produzido, dessa vez, químico: o intestino libera um hormônio (substância endócrina) para o sangue, chamado de colecistocinina, em resposta à presença de proteínas e de gorduras no alimento que chega intestino. 

Os mecanismos que acabamos de descrever se aplicam ao controle da ingestão durante ou imediatamente após uma refeição. Mas existem outros mecanismos que explicam o controle da ingestão por períodos mais longos e que estão diretamente envolvidos na regulação do peso corpóreo.

O que poderia indicar para o organismo que ele deve aumentar ou diminuir a quantidade de alimentos que normalmente ele come? Como a gordura é a forma de estoque de energia, um dos indicadores é a sua própria quantidade no corpo. De fato, o tecido gorduroso (ou adiposo) produz um hormônio endócrino chamado leptina que indica a quantidade de gordura corporal. A leptina vai para a circulação sanguínea, chega ao cérebro e inibe a ingestão de alimentos. Isso significa que uma quantidade alta de leptina diminui a ingestão e uma quantidade baixa, aumenta.

 

Para onde vão os sinais gerados no organismo para controlar a fome e a saciedade?

 Os sinais de fome e saciedade vão para o hipotálamo, uma estrutura cerebral  que analisa e gera as respostas apropriadas.

O hipotálamo é um centro de processamento de informações que recebe os vários tipos de sinalizações como a concentração de nutrientes (entre eles, os níveis de glicose no sangue) ou o grau de distensão do estômago. Os níveis de hormônios como a colecistocinina (produzida pelo intestino) e a leptina (produzida pelo tecido adiposo) também são analisados. Com essas informações o hipotálamo produz comandos para a procura e ingestão de alimento e, ainda, prepara o trato gastrointestinal para receber e processar o alimento.