Como funciona o corpo humano?

 

Universidade Estadual Paulista

U N E S P

 

 

 

 

 

Como cheiramos o mundo?

 

Percilia Cardoso Giaquinto

Silvia Mitiko Nishida

 

Há dois tipos materiais no ambiente: os que desprendem partículas (como as rosas, os  perfumes, o pão quentinho sendo assado no forno) e outros que não (como o aço e o vidro). Essas particularidades fazem com que sintamos o cheiro das rosas mas não do vidro. É isso mesmo: há coisas que cheiram e outras (chamadas inodoras) que não. No ar atmosférico, além de gases (oxigênio, nitrogênio, hélio, gás carbônico) há inúmeras partículas voláteis mas nem todas estimulam o sentido da olfação humana (o sentido do "cheiro"). Podemos sentir em torno de 2000 a 4000 odores diferentes.

 

O órgão da olfação localiza-se dentro do nariz e capta as substâncias químicas voláteis do ar inspirado. Quando um determinado cheiro nos chama a atenção, o investigamos olfatoriamente, aumentando a freqüência de inspirações curtas e dilatamos as narinas.

 

 

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O nariz também participa do processo respiratório. É formado pela pirâmide nasal (a parte que se destaca na face) e pelas fossas nasais (as narinas e o espaço que existe no seu interior). As duas fossas são separadas pelo septo nasal, uma estrutura cartilaginosa. A parede no interior do nariz é úmida graças às secreções mucosas que as células epitélio do trato respiratório produz. O muco forma uma capa de proteção, prendendo a poeira do ar inalado. Os pelos que crescem dentro das narinas exercem  a mesma função, servindo de barreira física às partículas maiores durante a inspiração. Então quando ar entra, é limpado, umedecido e aquecido e no ar inalado estão as partículas voláteis que evocam o sentido do olfato. Ao inspirarmos, o ar inalado dirige-se do nariz aos pulmões. As partículas que provocam o cheiro  ficam aderidas no epitélio olfatório, dentro da cavidade nasal. Esse epitélio possui células olfatórias ciliadas (em amarelo, na figura abaixo, à diireita), células de sustentação, células produtoras de muco e de células basais. Numa superfície de 10cm2 há entre 10 a 20 milhões de células olfatórias, cujas partículas interagem com os cílios. Essa interação resulta na geração de impulso nervoso.

 

 

Como as células olfatórias detectam as substâncias odoríferas?

 

Os cílios das células olfatórias possuem moléculas receptoras especificas para determinadas moléculas odoríferas e quando ambos se encaixam, a célula sensorial gera impulsos elétricos (ou impulso nervoso). O sinal nervoso é enviado para o cérebro, onde, finalmente, a interpretação ocorre. A especificidade entre o receptor e molécula odorífera é tanta que a molécula d-carvona evoca o cheiro da semente de alcaravia (um tipo de cominho árabe) mas se ela for modificada para l-carvona, evocará o cheiro de hortelã!!

 

Como os impulsos nervosos chegam ao cérebro?

 

http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec6_72.htm

 

Os impulsos olfatórios viajam pelo nervo olfatório e chegam ao cérebro através do bulbo olfatório. Mas é no córtex olfatório que as informações odoríferas são interpretadas, identificando o cheiro que entrou pelo nariz. As informações sensoriais são armazenadas pelo hipocampo para serem lembradas e também são enviadas ao hipotálamo para a organização de funções viscerais (procurar alimento se for cheiro de comida ou apresentar náuseas (ânsia) e até vômito se o cheiro for de carniça). Assim como toda experiência sensorial, a percepção olfativa desperta experiências emocionais e comportamentais.

 

A experiência olfativa varia de uma pessoa para a outra e da concentração

 

Siclano não sente cheiro nenhum e Beltrano pode ser extremamente sensível a uma grande variedade de odores. O cianido de hidrogênio (gás utilizado na tentativa de exterminação de judeus durante a Segunda Grande Guerra Mundial pelos nazistas) é um um poderoso veneno: a cada 10 pessoas uma não consegue senti-lo. Ou seja, há pessoas com anosmia (déficit ou ausência do sentido olfatório) para um determinado grupo de substâncias como as pessoas daltônicas são cegas para determinados espectros da luz visivel. Além disso, para cada grupo de odorantes a sensibilidade depende da concentração química: para sentir o éter etílico, é necessário uma concentração de 5,8 mg/litro mas para o metil mercaptano bastam apenas 0,5 ng/. Essa substância é adicionada ao gás de cozinha para detectarmos um eventual vazamento, já que o gás combustível é inodoro!

As frutas e as flores produzem ésteres que evocam seus cheiros típicos.  Ao cheirar uma banana madura, o seu epitélio olfatório estará decodificando o acetato de isoamila! E se estiver cheirando uma laranja, o éster acetato de octila! A indústria química produz vários flavorizantes (aromas artificiais) que são acrescentados na constituição de alimentos industrializados com a finalidade de estimular o sentido olfatório e gustativo do consumidor.

 

Por que não sentimos o cheiro das coisas quando estamos resfriados?

 

Você já deve ter ficado resfriado com o nariz ‘entupido’ e percebido que não está sentindo direito o cheiro e nem o gosto dos alimentos. Isto acontece porque os odorantes, não alcançam os receptores olfatórios, por causa da intensa secreção mucosa vindo das vias aéreas do trato respiratório. Se não é possível realizar a transformação do estimulo químico em sinal sensorial, a via olfatória não poderá ativar o córtex olfatório. Alem disso, quando a comida está dentro da boca, há liberação de partículas voláteis que chegam até o epitélio olfatório, através da comunicação que se dá entre a faringe e a cavidade nasal). Em outras palavras, o gosto do alimento não depende apenas do sentido gustativo mas também do seu aroma. Quando estamos resfriados, o aroma do alimento não alcança o epitélio olfatório, prejudicando a interpretação gustativa!

 

VOCÊ SABIA ?

1) Cada um de nós somos únicos e produzimos odores corporais também únicos, seja por causa da nossa dieta, tipo de pele e das características genéticas. Os cães que possuem o sentido do olfato mais apurado do que o nosso identifica as pessoas, individualmente, através do odor. A polícia aproveita essa capacidade canina e os treina para farejar substâncias químicas especificas ou encontrar vitimas soterradas. Saiba mais sobre cães farejadores.

2) Os apreciadores de vinhos, em especial os degustadores, possuem critérios qualitativos que incluem aspectos visuais, olfativos, gustativos e o retrogustativo. Saiba mais como a qualidade do vinho é avaliada sensorialmente.

 

3) O perfume por definição é uma mistura de óleos essenciais aromáticos, álcool e água em determinadas proporções que produz um um aroma agradável e duradouro. As fontes de extração são muito variadas: flores, frutas, sementes, cascas, madeiras, musgos, resinas e até secreções glandulares (como o almíscar). A concentração das essências determina o tipo de odorizante: a colônia possui a menor das concentrações, seguida de eau de toilette, eau de parfum e o parfum. A concentração determinará o tempo de duração da fragrância que permanecerá no corpo. A classificação dos perfumes é totalmente subjetiva e arbitraria.O perfumista cria uma determinada fragrância combinando várias essenciais.

 

4) Com a idade, o sentido da olfação vai reduzindo. Saiba mais. Veja no Manual a Merck, distúrbios relacionados a olfação e a gustação.

 



 

 

 

Para saber mais:

A fascinante historia dos perfumes