O vapt-vupt das emas
Quem puder, que a alcance... Pernas, pra que te quero!


Dona do título de maior ave brasileira – sendo também a maior do continente americano – a ema não gosta de ser deixada para trás. Ave não-voadora, é a segunda mais rápida do mundo, podendo atingir a velocidade de 60 km/h! Só perde para o avestruz, que pode alcançar a marca de 80 km/h.

São aves genuinamente brasileiras e sul-americanas e habitam os campos abertos e cerrados. Estão bastante adaptadas a climas secos, pois a umidade em excesso prejudica a sobrevivência dos filhotes por tornar as penas úmidas e mais pesadas, expondo-os a maiores riscos de predação.

Com fama de come-de-tudo, essa ave apresenta hábito alimentar onívoro, e come desde brotos jovens de plantas e sementes a pequenos animais, como gafanhotos, lagartos, rãs e pequenas cobras. Gostam também de frutos e raízes. Além disso, ingerem pedrinhas que servem para auxiliar na trituração dos alimentos, e numa dessas acabam engolindo pequenos objetos. Será que isso tem a ver com sua fama de engolir coisas nada palatáveis?

Mais uma interessante característica dessa ave dos nossos cerrados é o modo como se reproduz. Ao contrário da maioria das espécies animais, é o macho quem choca os ovos. Um macho fica responsável por cuidar de um único ninho, que pode abrigar ovos de diversas fêmeas. Dessa forma, criam-se haréns reprodutivos, e enquanto o macho toma conta do ninho, as fêmeas partem à procura de outros parceiros (outros haréns) para a postura de mais ovos. Um único ninho pode chegar a conter 60 ovos! No caso das emas, ser pai é padecer no paraíso! Ainda bem que contam com uma mãozinha da natureza: alguns ovos goram, e o forte cheiro exalado atrai insetos que servirão de primeiro banquete aos recém-chegados.

Vista com maus olhos pelos agricultores, já que adoram comer sementes e brotos jovens, elas são bastante úteis aos pecuaristas, pois predam serpentes e insetos que parasitam os rebanhos. Além disso, prestam grande serviço à população como um todo, pois acabam por fazer o controle de populações de ratos, cobras, lagartos e insetos – erroneamente tidos como pragas.

Atualmente as emas já não podem ser vistas por todo o território brasileiro, como outrora. A destruição do ambiente natural para a criação extensiva, aliada à ação predatória humana (já que são prejudiciais à agricultura), fez com que seu número diminuísse. Além disso, se alimentam de brotos contaminados por agrotóxicos que debilitam sua saúde e a dos filhotes. E na farra humana que alimenta a tradição brasileira, há ainda o triste carnaval das emas: suas penas, que acinzentam as paisagens do cerrado, são bastante procuradas para a confecção de luxuosas fantasias de carnaval.