IDENTIDADE DOS SERES VIVOS

 

Universidade Estadual Paulista

U N E S P

 

 

 

 

 

COMO ESTUDAR UMA TEIA ALIMENTAR

 

Virginia Sanches Uieda

 

A teia alimentar de um ecossistema pode ser estudada através de uma Pesquisa Científica, onde serão analisadas as relações tróficas entre os animais, no presente caso de um ecossistema aquático. Através deste estudo conseguimos montar uma teia alimentar com os animais encontrados em um riacho. Este tipo de pesquisa se insere na disciplina de Ecologia, que estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem.

 

Para a realização da Pesquisa Científica primeiramente devem ser definidos:

a) Os objetivos da pesquisa, ou seja, "O que estudar?"

b) O local do trabalho, ou seja, "Onde estudar?"

c) A metodologia a ser empregada, ou seja, "Como realizar o trabalho?"

 

 

 

Objetivo = “O que estudar?”

 

O que desejamos saber? Qual o tema que desejamos abordar? Qual será nosso objeto de estudo?

Neste caso, desejamos saber como ocorrem as transferências de energia em um riacho preservado, ou seja, com pouca interferência do homem quebrando ou fragilizando os elos de ligação entre os níveis tróficos. Nosso objeto de estudo serão os animais presentes no riacho, analisando o que eles comem e quais as relações alimentares entre eles.

 

 

Local de trabalho = “Onde estudar?”

 

Se nosso objetivo é estudar os organismos de um riacho que esteja sob pouca intervenção humana o ideal é procurar em uma área de preservação. O local escolhido foi o Córrego do Potreirinho, um pequeno riacho localizado no Horto Florestal de Itatinga (Município de Itatinga, Estado de São Paulo).

 

 

Metodologia = “Como realizar o trabalho?”

 

Como capturar os animais? Como analisar o que comem? Para alcançar nosso objeto de estudo devemos traçar um meio de atingi-lo.

 

Os animais são capazes de explorar diferentes nichos do ambiente. O nicho ecológico de um organismo inclui tanto o espaço físico (nicho espacial ou de habitat) onde ele vive ou pode ser encontrado, como também seu papel funcional na comunidade (nicho trófico). Assim, o nicho ecológico de um animal não depende somente de onde ele vive, mas também de suas interações com outras espécies.

 

Amplitude e sobreposição de nichos

 

Veja nos esquemas abaixo a representação de alguns dos conceitos relacionados ao estudo de nicho ecológico: amplitude de nicho e sobreposição de nicho.

 

           

 

Como os animais são capazes de explorar diferentes nichos de habitat, precisaremos utilizar diferentes métodos para conseguir amostrar a diversidade de animais existentes no local de estudo. O habitat é o local onde o animal ou um conjunto de animais (comunidade) vive ou onde pode ser encontrado. No riacho podemos encontrar invertebrados e vertebrados em diferentes locais, cada um podendo receber uma denominação própria.

 

Plâncton: animais microscópicos que ficam livres na coluna d’água. No plâncton de riachos podemos encontrar animais pertencentes a diversos grupos, sendo os mais freqüentes e abundantes: Tecameba (amebas encapsuladas), Rotifera e Crustacea (microcrustáceos).

 

Os rotíferos são animais microscópicos que, juntamente com os protozoários e os microcrustáceos, dominam o zooplâncton de água doce e são importantes na ciclagem de nutrientes.

 

Bentos: animais que ficam no sedimento do fundo do riacho, representados principalmente pelos seguintes grupos: Oligochaeta (minhocas de água doce), Acarina (ácaros aquáticos) e Insecta (insetos aquáticos).

 

Algumas minhocas de água doce escavam no lodo do fundo, consumindo material vegetal em decomposição, tendo um papel importante na ciclagem de nutrientes.

 

Ø   Perifiton: animais de pequeno porte associados a uma matriz de matéria orgânica e algas, depositada sobre os vegetais (ou rochas quando o substrato do fundo do rio é de seixos ou cascalho) submersos. Os grupos animais aí encontrados são: Tecameba (amebas encapsuladas), Nematoda (nematóides de vida livre), Oligochaeta (minhocas de água doce), Acarina (ácaros aquáticos) e Insecta (insetos aquáticos).

 

Todos estes grupos animais são abundantes no perifiton, mostrando sua grande importância como local de abrigo e de alimentação para uma fauna bastante diversificada.

 

Ø   Fauna móvel: animais macroscópicos que podem se mover entre os ramos da vegetação submersa e em água aberta, procurando nestes locais refúgio e alimento. Esta fauna é composta de: Crustacea (camarão e caranguejo), Insecta (insetos aquáticos), Amphibia (girinos) e Peixes.

 

Neste compartimento, o grupo de maior abundância (número de indivíduos) e riqueza (número de espécies) está representado por insetos, enquanto o grupo de maior biomassa está representado por peixes.

 

 

Baseado nos tipos de habitat disponíveis no riacho estudado, escolhemos os seguintes métodos de coleta:

a) uma peneira para coleta de invertebrados e vertebrados presentes na vegetação marginal;

b) um covo para coleta de peixes presentes na vegetação marginal;

c) uma rede de plâncton para filtrar os organismos microscópicos presentes no plâncton;

d) uma tesoura de poda para coletar uma porção da vegetação para amostrar os organismos presentes no perifiton;

e) um pote plástico para coleta de uma porção da areia e lodo do fundo para separar os organismos presentes no bentos.

 

COLETA COM PENEIRA

   
COLETA COM COVO

 

 

COLETA DE PLÂNCTON

           

Depois de coletado, o material é levado ao laboratório onde são realizadas:

Ø      a) a triagem dos animais (separar os animais do substrato amostrado, como areia, lodo, vegetação);

Ø      b) a identificação dos animais.

 

Para conhecer a dieta dos animais, podemos analisar seu conteúdo digestivo ou podemos consultar os resultados de outras pesquisas sobre o mesmo tema, publicados em trabalhos científicos e livros.

    


Temas de Biologia


 

 

Quer conhecer mais sobre Pesquisa Científica? Sugestões:

Visão histórica do desenvolvimento da pesquisa científica (site):

http://www.hottopos.com/videtur15/dante.htm

Texto de Pedro Geraldo Aparecido Novelli Ética e ciência

Trabalho sobre métodos de coleta e fixação de peixes (arquivo PDF): Uieda & Castro, 1999