Reprodução dos Peixes


 

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Enio Yoshinori Hayasaka

Silvia Mitiko Nishida

 

  

   

Todos os peixes são animais dependentes do meio aquático, locomovem-se batendo a cauda e respiram por meio de brânquia (órgão através do qual respira). Os peixes são classificados em três grandes grupos:

- peixes sem mandíbula (lampréias)

- peixes cartilaginosos (tubarões e raias)

- peixes ósseos (lambari, tilápia, dourado, salmão, enguia, pescada, peixe-palhaço, kingyo, etc.).

 

Várias espécies são de interesse da aquacultura (que visa a produção de carne) e da aquariofilia (criação ornamental).

 

Lampreia Tubarão branco (Carcharodon carcharias) kingyo (Carasius auratus)

 

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lampr%C3%A9ia (lampreia)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o_branco (tubarão branco)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Carassius_auratus (kingyo)

 

Do ponto de vista da reprodução, por causa da variação na forma de nascimento dos filhotes os peixes são classificados em:

- ovíparos: os filhotes se desenvolvem fora do corpo da mãe, dentro do ovo que contem os nutrientes necessários. Mais de 90% dos peixes pertencem a essa categoria.

- vivíparos: os filhotes se desenvolvem dentro do corpo da mãe recebendo diretamente dela os nutrientes necessários.

- ovovivíparos: ocorre uma combinação das duas formas, isto é, os filhotes se desenvolvem dentro do ovo e dentro do corpo da mãe. Na hora do nascimento, os filhotes saem do ovo. 

 

Peixes que crescem PRECISANDO do cuidado dos pais após o nascimento

 

Nascemos e crescemos com o pai e a mãe cuidando da gente, certo? Bom, dependendo da espécie, essa afirmação não pode ser generalizada. Pois então, vejamos:

 

Para falar sobre o comportamento de reprodução dos peixes escolhemos a tilápia, um teleósteo de origem africana e que foi introduzida no Brasil. Na verdade, o termo "tilápia" se refere a um conjunto de várias espécies as quais podemos separar em três grandes gêneros, baseado na forma de incubação dos ovos.

1) tilápias do Gênero Tilapia: desovam num ninho, a fertilização é externa e ambos os pais cuidam da prole (Tilápia-de-barriga-vermelha-Tilapia zilli). Enquanto ocorre a incubação, os pais estão atentos, especialmente contra os predadores de ovos.

 

2) tilápias do Gênero Sarotherodon: desovam num ninho mas a incubação dos ovos ocorre dentro da boca de ambos os pais ou só do pai (como o Sarotherodon melanotheron). Mesmo após o nascimento, os filhotes se escondem dentro da boca! E claro que os pais não se alimentam até que a filharada esteja independente!

 

3) tilápias do Gênero Oreochromis: incubam os ovos dentro da boca mas é a mãe quem cuida da prole, como na Tilápia-do-Nilo - Oreochormis niloticus) que é ilustrado abaixo.

 

Pela aparência, é difícil saber quem é macho e quem é a fêmea pois são muito parecidos. Mas quando chega a época de reprodução o macho delimita um território, fica mais agressivo defendendo esse espaço contra os concorrentes. Ali ele cava um ninho com a boca que se parece a uma cratera. Para atrair a fêmea, se exibe, deixando o ninho sempre arrumado e fica mais colorido, com a barriga avermelhada. Se uma fêmea gostar, ela entrará no ninho e desovará (A)-veja uma foto da desova. O macho, em seguida fará o mesmo, liberando o sêmen (B). Em seguida, a fêmea, recolherá os ovos para dentro da sua boca e irá embora (C). Veja os ovos dentro da boca de uma fêmea. Na tilápia-do-Nilo é a mãe quem cuida sozinha da prole. O macho irá arrumar o ninho e tentará atrair outras fêmeas para o acasalamento.  

Depois de alguns dias sendo incubados dentro da boca da mãe, os ovos eclodem e nascem as larvas de peixes chamadas alevinos. Em Biologia, larva é o termo para indicar qualquer indivíduos em fase de desenvolvimento.

  

 

Esquema adaptado de GONÇALVES-DE-FREITAS, E. & S.M. NISHIDA. 1998

Fonte da foto: http://www.grupoaguasclaras.com.br/fotos-tilapias/ovo_na_boca_de_tilapia.jpg 

 

Peixes que crescem SEM  o cuidado dos pais após o nascimento

 

Várias espécies de peixes não cuidam da sua prole depois que nascem, diferente das tilápias estudadas acima. Não é porque nessas espécies os pais sejam desnaturados. É porque usam uma outra estratégia de reprodução. Ao invés de poucos (dezenas a centenas) esses peixes produzem muitos e muitos (milhões) de filhotes!! Vejamos dois exemplos.

 

O dourado (Salminus brasilensis) é um peixe teleósteo que habita os rios da América do Sul, inclusive os brasileiros. É um peixe bem grande que pode chegar a mais de 20 quilos e é muito procurado pelos pescadores. São carnívoros e se alimentam de outros peixes menores. Nadam em cardumes nas correntezas e afluentes fazendo longas migrações ao longo do rio. Nessa viagem, ocorre a piracema época de reprodução dos peixes. Uma fêmea de 10 quilos pode desovar quase 1,5 milhões de óvulos !! (Bem diferente de uma fêmea de tilápia-do-Nilo de 5 quilos que desova uns 800 óvulos de cada vez). Os dourados não fazem ninho de desova como a tilápia. Como a correnteza poderia espalhar os gametas, machos e fêmeas lançam aos milhões para que o maior número de embriões sejam formados. Com a correnteza, os ovos são carregados até chegarem num lago de águas calmas, onde os alevinos se desenvolvem sozinhos. Apesar dos milhões de filhotes, apenas de 30 a 50 descendentes sobreviverão até se tornarem adulto!

 

Um outro peixe famoso  que migra é o salmão-do-Atlântico (Salmo salar). Diferente do dourado que não sai dos rios de água doce, esse salmão faz uma rota de migração muito mais longa: ele nasce na cabeceira do rio, cresce descendo rio abaixo até chegar no mar. Lá, fica uma grande temporada crescendo mais e, finalmente, volta exatamente para o mesmo rio, nadando rio acima  para chegar  no ponto onde nasceu para se reproduzir!

 

O peixe que muda de sexo. Hã?

 

É isso mesmo! Entre os peixes há várias espécies que mudam de sexo. Entre eles está o peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris) que se tornou uma celebridade por causa do desenho animado "A procura de Nemo". O peixe-palhaço vive associado à anêmona-do-mar, um animal que é invertebrado mas lembra uma flor. As anêmonas capturam as suas presas usando um potente veneno para atordoá-las mas os peixes-palhaços são imunes a ele. Quando chega a época de acasalamento, o casal de peixe-palhaço reproduz-se na lua cheia. A desova ocorre sobre uma rocha, bem pertinho de uma anêmona e, quem cuida dos ovos e dos peixinhos que nascerem, é o pai. Acontece que toda prole é masculina! Hã? Não nascem fêmeas?  Calma: os machos transformam-se em fêmeas mais tarde. O peixe palhaço nasce macho e, se não houver fêmeas por perto, um deles transforma-se em numa fêmea para que a reprodução possa continuar!

 

Os indivíduos que possuem os dois sexos são chamados de hermafroditas. Isso pode acontecer ao mesmo tempo (como nas minhocas) ou um depois do outro, como no peixe-palhaço. Vamos esclarecer melhor esse assunto.

 

Afinal, quem são os machos e fêmeas de uma espécie?

 

Os cientistas chamam de fêmeas os indivíduos que possuem ovários (produtores de óvulos) e de machos os que possuem testículos (produtores de espermatozóides). Quando o espermatozóide encontra o óvulo, ambos se juntam ocorrendo a fertilização, momento muito especial da atividade reprodutiva. Numa espécie em que machos e fêmeas são indivíduos distintos, ambos precisam se encontrar para que a fertilização ocorra.   

 

Como ocorre a transformação de ovo em outro peixe?

 

Com a fertilização, temos uma nova célula chamada ovo ou zigoto possuindo a metade das informações vindas do pai e outra metade, da mãe. O zigoto começa, então a se dividir e dividir até formar o embrião que continuará o seu desenvolvimento até o nascimento. O desenvolvimento embrionário requer muita energia o que é providenciado pelo vitelo, alimento previamente armazenado dentro do óvulo. Nos peixes, o embrião transforma-se em larva e, finalmente, nasce. A fase de desenvolvimento do ovo até a forma de larva (peixe jovem que nada e procura de comida) chama-se incubação. Esse período é muito delicado e arriscado para a sobrevivência das larvas. As fotos mostram a seqüencia de desenvolvimento embrionário de uma tainha (Mugil cephalus).

A) Um ovo, 4 horas após a fertilização; B) 24 horas depois; C) Antes do nascimento; D) larva recém-nascida com o saco vitelínico

Fonte: http://www.lib.noaa.gov/korea/main_species/striped.htm

 

A fertilização do óvulo pode ser externa ou interna

 

Se o encontro do óvulo com o espermatozóide acontecer fora do corpo da futura mãe a fertilização é chamada externa e se ocorrer dentro do corpo, interna. Nos peixes (assim como nos anfíbios) a fertilização é principalmente externa. Isso quer dizer que os machos e fêmeas precisam desovar juntos, quase ao mesmo tempo para que a fertilização ocorra com sucesso.

 

 

 

Depois de tanta leitura, está na hora da diversão: Clique aqui e dobre origamis de peixe.

 

 

 

 

 
 
 
Kinguios nadando

 

 

LINKS INTERESSANTES PARA VISITAR E SABER MAIS SOBRE PEIXES

 

Fotos que ilustram o desenvolvimento do peixe dourado.

Etapas de desenvolvimento do salmão-do-atlântico

 - Ovo; larva com o saco vitelínico; alevino e o adulto

Fish Base é uma base de dados sobre peixes

Piscicultura São Jerônimo para saber mais sobre o dourado

Só Biologia. Peixes.

 

 

 

 

Referências bibliográficas

GONÇALVES-DE-FREITAS, E. & S.M. NISHIDA. 1998. Sneaking behavior of the Nile tilapia. Boletim Técnico do CEPTA 11: 71-79.