O Corpo Humano

 

Sensibilidade cutânea


Silvia Mitiko Nishida

 

Introdução

 

Receptores

cutâneos

 

Receptores proprioceptivos

 

Receptores

 térmicos

 

Dor

 

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A pele protege o nosso corpo do ambiente externo funcionando como se fosse uma capa à prova de água, resistente, flexível, ainda por cima, lavável! Além disso, é o maior órgão sensorial do nosso corpo: através dela detectamos o mais leve toque das patas de um inseto ao caloroso aperto de mão. Sabemos se o ambiente está quente ou frio e se um determinado estímulo físico ou químico, está para causar uma lesão. Combinando todas essas sensações podemos examinar as características  de um objeto: sem vê-lo, podemos enfiar a mão dentro do bolso e distinguir uma chave de uma moeda.  Os olhos, as orelhas e o nariz detectam estímulos sensoriais à distância mas a pele, enquanto órgão sensorial precisa interagir diretamente com a fonte de estímulo. E de fato, podemos ver e ouvir uma pessoa à distância, cheirar o seu perfume mas o contato direto estabelecido com ela, através do aperto de mão ou de um abraço, parece proporciona-nos uma certeza incontestável da sua presença.

 

Receptores mecânicos da pele

 

Embora consigamos discriminar tato, pressão e vibração como sensações distintas, essas são causadas pela estimulação mecânica de um mesmo grupo de receptores. Isso acontece por causa da distribuição geográfica e da densidade de receptores na pele, assim como, devido às particularidades de como os mecanoceptores  respondem aos estímulos. O tato é provocado por receptores cutâneos mais superficiais; a pressão, pela estimulação de receptores mais profundos e, a vibração, por receptores sensíveis a estímulos repetitivos e rápidos. Há pele com e sem pelos (como os lábios, as palmas das mãos e planta dos pés) como mostra a figura de cima e a tabela abaixo, a relação dos receptores sensoriais, a natureza do estímulo e a sensação que causa.  

       Veja os tipos de receptores da pele, os estímulos e as sensações percebidas.

Nome do receptor

Estimulo

Sensação

Corpúsculo de Meissner

   Vibração (20-40 Hz)

Toque rápido

Terminações do Folículo piloso

   Deslocamento do pelo

movimento, direção

Terminações

de Ruffini

   Desconhecida

Desconhecida

Corpúsculo

de Krause

   Pressão

Pressão

Corpúsculo de

Pacini

   Vibração (150-300 Hz)

Vibração

Terminações

livres

   Estímulos mecânicos, térmicos e

   químicos intensos

Dor

Corpúsculo de Merkel

   Endentação estável

Toque, Pressão

 

Há receptores (Pacini e de Meissner) que respondem apenas a estímulos passageiros, ou seja, só quando o estimulo está sendo aplicado ou removido ou variando constantemente. Esses são conhecidos como receptores de adaptação rápida pois se o estimulo perdurar, teremos a sensação de que o estimulo está ausente. Fique de olhos fechados e concentre-se sobre uma região do seu corpo com e sem roupa. Sem passar a mão sobre essas regiões e valendo-se apenas o sentido cutâneo, você pode identificar as diferenças claramente? Não? De fato, o contato constante da roupa sobre a pele provoca a adaptação dos receptores e, se estivermos de olhos fechados, teremos a impressão de que ela nem está sobre o nosso corpo. Outros receptores (Merkel e de Ruffini) respondem continuamente à presença de estímulos, por isso, são chamados de receptores de adaptação lenta.

 

Cada receptor envia a informação para o cérebro, separadamente, por meio de uma via rotulada  de neurônios (figura abaixo, à esquerda). A figura à direita ilustra como as sensações somáticas da cabeça e do resto do corpo chegam ao sistema nervoso central até as áreas cerebrais do córtex (córtex somatossensorial).   Nas áreas associativas do córtex, é que realmente, ficamos sabendo sobre as características dos objetos que examinamos com as mãos ou que interage com a superfície da pele.

 

        

 

 

A sensibilidade cutânea é a mesma em todo o corpo?

Cada receptor sensorial possui um campo de recepção do estímulo que corresponde a sua área de inervação (elipse azul para cada neurônio). O tamanho do campo de recepção varia conforme a região do nosso corpo: nas mãos e na face, são pequenos e numerosos em relação a outras partes do corpo que são grandes.

 

     

 

Esquemas adaptados de Haynes (2006)

 

Na área somatossensorial do cérebro, a superfície cutânea do corpo é representada de forma distorcida, como mostra a figura desse homenzinho engraçado. É chamado de  homúnculo sensorial (figura à esquerda) e representa as regiões com maior densidade de receptores e de maior capacidade discriminativa. Assim, as mãos, a face, os lábios e a língua são muito mais sensíveis do que o tronco, nádegas, genitais, braços, pernas e pés. 

 

Verifique você mesmo, se a teoria sobre o homúnculo sensorial é correta, através de uma simples experiência!

 

Material necessário:

- um compasso

- uma régua

- um voluntário de olhos vendados

 

Peça ao voluntário que fique sentado enquanto você fará as estimulações na superfície do corpo. Para começar, garanta que a ponta de fixação do compasso e o grafite estejam bem alinhados. Em seguida, meça 3mm sobre a régua. Encoste simultaneamente as duas pontas do compasso num único movimento sobre a ponta do dedos médio. Pergunte-lhe se sentiu um ou dois pontos e anote a resposta na tabela, 1 ou 2, conforme o caso. Faça o mesmo no dedo indicador, polegar, palma da mão, braço, antebraço e costas. Aumente a abertura do compasso para 5, 10 e 50 mm e repita a operação.

 

Abertura do compasso

dedo indicador

dedo

médio

polegar

palma da mão

antebraço

braço

costas

3 mm

 

 

 

 

 

 

 

5 mm

 

 

 

 

 

 

 

10 mm

 

 

 

 

 

 

 

50 mm

 

 

 

 

 

 

 

 

Que conclusão podemos chegar com os resultados obtidos? Os resultados foram compatíveis em relação ao que prevê o homúnculo sensorial?

 

Veja como no cotidiano fazemos valer da sensibilidade cutânea mais apurada nas mãos e face:

 

- O médico conta o número de batimentos do coração colocando os dedos indicador e médio no pulso do paciente sentindo a pulsação de uma artéria.

 

- A pessoa que é deficiente visual aprende a ler em alfabeto Braille usando as pontas dos dedos com as quais ela tateia relevos cunhados em uma superfície de papel. Ela obtêm a noção tridimensional dos relevos, combinando o sentido tátil e proprioceptivo.

 

- Enquanto chupamos uma bala, com a língua, discernimos não só o seu sabor, mas o formato tridimensional e a textura. Passe a língua nos dentes, na parede interna da bochecha e veja com que precisão ela nos informa como é a sua superfície... Passe agora os dedos (limpos) e verá que a capacidade de discriminação é praticamente semelhante!

 

Bibliografia citada

HAINES, D.E. (2006). Neurociência Fundamental: com aplicações básicas e clinicas. 3a edição. Rio de Janeiro: Elsevier.